15 coisas que você precisa saber antes de viajar para Índia

1. Não pense que você está pronto para Índia

Por mais que você leia e pesquise sobre a Índia, nada te prepara para o soco no estômago que é pisar no  país pela primeira vez. Sempre que penso sobre minha viagem, não consigo pensar em outros adjetivos que não sejam “intenso”, “esmagador” e “único”. A Índia não se parece com nada que vi antes e foi uma das experiências de vida mais fortes que tive.

Se Vinícius de Moraes achava que o Brasil não é para iniciantes, é porque ele não tinha ideia do que se passava na Índia.

2. É um país relativamente seguro, se você não for mulher

Apesar da pobreza, não senti medo de assaltos na Índia. Andava tranquilamente com o celular na mão e câmera pendurada no pescoço. Algo que nunca faço quando estou, por exemplo, no Rio de Janeiro.

No entanto, se você for mulher, especialmente se viajando sozinha, existe uma sensação de insegurança bem grande. A cultura do país é bem machista, então é melhor tomar alguns cuidados com a escolha da roupa ou mesmo evitar sair à noite.

Demos algumas dicas para mulheres viajando sozinhas neste post aqui.

3. Falando em machismo…

A ideia de igualdade entre os sexos é algo bem distante na Índia. Se você estiver viajando com um homem  vai perceber que as pessoas vão se dirigir apenas a eles, mesmo que você tenha feito uma pergunta.

A minha percepção é que os homens de lá não gostam de ser “enfrentados” por mulheres. Em dois hotéis, os gerentes levantaram o tom de voz para mim. O primeiro, por conta de uma confusão com o transfer que não estava me esperando no aeroporto, e o segundo porque ele queria que mudasse meu roteiro de viagem para contratar um transfer do hotel. Quando falaram com um amigo homem sobre os mesmos assuntos, o tom da conversa era bem diferente.

4. Não dá para ignorar a pobreza

DSC_0373
As ruas da Índia costumam ser bem sujas

A Índia fascina pelo exotismo, história e explosão de cores. Mas esta não é uma viagem qualquer e há algo por lá que é tão grandioso quanto tudo isso: a pobreza.

O país possui 1.32 milhões de habitantes e, segundo o Banco Mundial,  30% dessas pessoas vivem atualmente abaixo da linha da miséria e sobrevivem com menos de $1.90 por dia. Apenas 40% da população tem acesso à saneamento básico.

Na Índia a pobreza é  onipresente. Ela cerca inclusive cenários majestosos como o Taj Mahal e os templos, o que só torna o contraste ainda mais impactante. É corriqueiro ver crianças procurando comida no lixo, pessoas dormindo com bichos no meio da estrada e cobertos de poeira.

Se você decidiu ir à Índia, não espere conseguir viajar  em um bolha e apenas ver o lado bom.  Definitivamente, esta é muito mais do que uma viagem de férias, é uma experiência de vida.

5. A limpeza é questionável

Eu adoraria dizer que as pessoas exageram quando falam da sujeira na Índia, mas ela é bem suja. Há lixo por praticamente todos os lados e as ruas fedem bastante. A falta de saneamento e a pobreza são a principal causa e também refletem em como os indianos lidam com a limpeza. Digamos que eles possuem um conceito bem elástico de higiene.

Eu andava sempre com um álcool em gel na bolsa e evitava comida de rua. Também era muito cismada com a água: sempre comprava uma garrafinha e checava se ela estava realmente fechada. Não pedia sucos ou  gelo para refrigerante.  

6. Cheque a validade dos alimentos

Este é um hábito que eu particularmente não tenho, a não ser que esteja no supermercado. Mas a Índia não é exatamente rigorosa com a questão da validade. Na estrada, comprei um pacote de batata frita que havia vencido em outubro de 2016, cinco meses antes da viagem.

Depois disso notei vários produtos fora do prazo nas prateleiras, principalmente em restaurantes de estrada.

7. Não jogue comida fora

As porções de comida nos restaurantes indianos são generosas e um prato geralmente serve duas pessoas tranquilamente.  Como muitas vezes sobrava comida, pedia para o garçom embrulhar e dava para alguém na rua.

Falando em doações, levei algumas roupas para doar, mas apenas os sapatos foram bem recebidos, pois minhas peças eram muito ocidentais. Se eu tiver a chance de voltar à Índia, certamente levaria calçados que não uso mais.

8. Existe praticamente um deus por pessoa

DSC_0178
Imagem de Ganesh, um dos principais deuses hindus, em Varanasi 

Ok, o título do tópico é um pouco sensacionalista. Oficialmente a Índia possui “apenas” 330 milhões de deuses.  Mas há quem diga que, se colocarem os deuses sem registro na conta, o número chega a um bilhão.

Sim, a Índia possui um “IBGE” especializado em deuses. Fica no templo de Bhuvaneshwari, onde os monges mapeiam a origem, parentesco e a especialidade de cada um deles.

9. O trânsito é insano, mas eles se entendem

DSC_0486
O trânsito da Índia é conhecido com um dos piores do mundo

A minha primeira impressão da Índia foi que ele é um país barulhento. Peguei um táxi às 6h da matina e o som das buzinas já era incessantes nas ruas. Eles dirigem com a mão colada ali, só pode. Mas, surpreendente, não há xingamentos ou brigas.

Nas ruas da Índia é comum que tudo esteja junto e misturado: carros, motos, tuk-tuks, vacas, pessoas, dividem o mesmo espaço sem maiores problemas. As estradas, ao contrário do que esperava, são boas.

Todos os carros possuem arranhões e eles são os reis de “tirar um fino”, praticamente todos os taxistas e tuk-tuks que peguei quase bateram. Quase. Definitivamente não é um lugar que aconselho alugar um carro.

Ah, mas fiz parte da viagem com um motorista particular que é excelente e dirigia super bem. 🙂

10. Negocie sempre

Na Índia quase tudo pode ser barganhado, nunca aceite o preço inicial. Negocie preço de táxi, tuk-tuk, guias, souvenir… Ao parar para ouvir a proposta de um motorista, por exemplo, você será cercado por vários outros. Se você simplesmente sair andando, o preço de qualquer coisa começa a cair.

Negociar é válido, mas tente ser justo na sua proposta e também sempre dê gorjeta ao motorista e ao guia.

11. Desconfie das informações

Malandragem e gente de má fé existem em qualquer lugar do mundo. Então sempre que você quiser informação na Índia, busque mais de uma fonte. É comum, por exemplo, motoristas dizerem que a atração x está fechada porque querem te levar em um local mais longe – e cobrar um pouco mais. Eles são muito insistentes em fazer um “combo” com atrações que você não pediu. 

Em um hotel o gerente falou que a estrada para a estação estava bloqueada, só para comprarmos uma passagem com ele pelo dobro do preço. Em outro hotel, o preço da troca do dólar variava conforme a vontade do recepcionista.

12. Leia atentamente as avaliações dos hotéis antes da reserva

Isso é algo que deve ser feito sempre. Mas ao olhar hotéis pela Índia, fique atento às reclamações sobre limpeza, segurança do estabelecimento e vizinhança  ou se há relatos de hóspedes que ficaram doentes por lá. Se você optar por hostels, evite quartos mistos.

13. Cuidado com a comida

Na Índia a lógica é simples: se é comida, é apimentada. O que eu adoro e gostei bastante dos pratos. Mas se você tiver algum problema com alimentos picantes ou  curry, deve deixar isso bem claro ao garçom. Nas cidades turísticas é fácil encontrar culinária internacional ou você também pode recorrer às redes de fast food, como McDonald’s e KFC.

Comida indiana é um deleite para quem gosta de pratos condimentados e para vegetarianos. Na dúvida de qual restaurante escolher, opte pelos que têm maior fluxo de pessoas.

14. Internet tem, mas tá faltando

Eu tive mais dificuldade com internet na Índia do que em Cuba. Poucos restaurantes disponibilizam wifi e o sinal do hotel era bem ruim. Então o país exige um pouco de desprendimento nesse aspecto.

Um solução é comprar um SIM Card e usar o 3G, que funciona bem por lá. Quando fui, em março de 2017, recebi ainda na imigração um voucher para um chip grátis.

15. A Índia é muito mais do que o Taj Mahal

DSC_1000.JPG

Jaipur, vista de um dos fortes

Ele é uma das Sete Maravilhas do mundo moderno e é uma das coisas mais bonitas que vi na vida. Mas já que você irá enfrentar uma viagem tão longa, aproveite para conhecer mais do país.  

Se você tiver apenas uma semana, foque no triângulo dourado ( Delhi, Agra e Jaipur). Com dez dias, inclua no seu roteiro Varanasi, uma das cidades mais sagradas do mundo, foi o lugar mais incrível que vi por lá.

Com mais tempo, é possível incluir cidades como a gigante Mumbai,  a praia de Goa ou a natureza de Ooty.

18 comentários em “15 coisas que você precisa saber antes de viajar para Índia

Adicione o seu

  1. Que post legal! Essa questão do machismo e de como eles tratam as mulheres pega muito para nós. Acho que a gente ia ficar puta o tempo todo. Trabalhei bastante com indianos e achava complicado… Precisa ter paciencia. Além dessas coisas deles tentarem te enganar para cobrar mais…e o medo de ter piriri rs Como assim tem milhões de deuses. E até um Ministério? Uau!

    Curtir

  2. Parabéns pelo post! Traz dicas práticas junto a informações que podem ser novidade para muitos, como foi pra mim o número de deuses.
    Mas adorei sua definição do que é uma viagem à Índia: “muito mais do que uma trip de férias, é uma experiência de vida.” É isso. Sem ter ido, tenho essa certeza por ler autores de blog com essa mesma sensibilidade. Obrigada por compartilhar! Abraços.

    Curtir

  3. Texto excelente, útil, necessário! Por todas essas coisas que você falou (especialmente a malandragem), minha vontade de ir à Índia vai e volta. Concordo com você que quando me decidir ir (e sei que um dia eu vou) será uma experiência de vida e não apenas mais uma viagem! Já favoritei esse texto! 🙂

    Curtir

  4. Confesso que a India nunca esteve em minha wishlist e teu texto meio que expulsa qualquer vontade de quem nunca desejou conhecer o paìs!
    Acho que a sujeira é complicada, mas a falta de higiene pra mim é mais gritante! Sobre o machismo, como viajaria com meu marido, iria respirar fundo e engolir!

    Curtir

  5. A Índia sempre foi uma incógnita pra mim, desde o livro Comer, Rezar, Amar acredito que a espiritualidade das pessoas deve ser incrível, mas aquilo que você disse ao longo do texto é a respeito da pobreza e precariedade, sou muito emotiva e acho que sofreria muito com o cenário todo, mas ainda assim um dia – quem sabe – eu crio coragem e vou conhecer!! Abraços.

    Curtir

  6. adorei o seu post! falou muitas verdades que a galera não gosta de revelar, só querem mostrar como a india mudou a vida deles e blablaba tem que avisar que não é um país para qualquer pessoa e com ctz é um choque cultural bem grande. eu tenho ctz que não estaria preparada para visitar a india agora

    Curtir

    1. Oi, Luiz! A temperatura varia dependendo da região. A época das moções acontece entre junho e setembro. Então esse é um período que inspira cuidado. Entre março e maio o tempo pode ser bem quente. Os tratamentos alternativos acontecem nos Asharans, que não visitei… O preço, a eotina e o tempo que vc vai ficar depende de cada um deles. Mas vc precisa de, no minimo, 3 dias.

      Curtir

Deixe um comentário

Blog no WordPress.com.

Acima ↑