Chapada Diamantina de carro – Roteiro de 10 dias

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Vista do Morro do Pai Inácio

Conhecer a Chapada Diamantina inteira é praticamente impossível em uma única viagem. Acredito que para ver tudo é preciso de, pelo menos, um mês. E não duvido nada que muita coisa ainda esteja de fora do mapa turístico da Chapada.

Como tudo por ali fica muito longe, decidi alugar um carro em Salvador. Isso me deu muito mais liberdade para montar meu roteiro,fazer as coisas no meu tempos sem depender de nenhuma agência.

Dicas de como organizar sua viagem para a Chapada Diamantina

Saiba mais sobre as cidades da Chapada Diamantina

Por ter uma infinidade de coisas, é importante saber mais ou menos o que se quer ver e definir quantos dias ficar em cada cidade. Mas, como em toda viagem, é preciso estar pronto para imprevistos. Por exemplo, quando chove algumas trilhas ficam mais complicadas, pois o nível do rio sobe e as pedras ficam mais escorregadias. Então vale a pena estar sempre aberto para um plano B.

Dia 01

Cheguei em Salvador às 5h e fui direto pegar pegar o carro. Ao contrário da maioria das pessoas que começa a viagem por Lençóis ( 420 km de Salvador), decidi iniciar por Ibicoara, bem no sul da Chapada.

O caminho é longo: 530 km separam Salvador de Ibicoara, cerca de 9 horas na estrada, que é muito boa por sinal. Passar um dia dirigindo no interior da Bahia não é, nem de longe, uma perda de tempo. As cidadezinhas são muito fofas e o trajeto é cheio de paisagens lindas.

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Interior da Bahia: você se depara com umas cidadezinhas assim

Fiquei na casa do guia, na estrada do Baixão, Zona Rural de Ibicoara. É longe e não tem nenhum sinal de celular, então é bom exercer o desapego. Eu recomendo bastante, a casa é muito lindinha e conviver com Tamara, Luciano e Lia, filha deles, fez a experiência muito mais rica do que ficar em outro lugar.

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Estrada do Baixão

Dia 02

O plano inicial era passar dois dias fazendo a Fumacinha por baixo. Iríamos acampar em uma parte da trilha, mas como estava chovendo bastante tivemos que mudar os planos e fazer tudo em um dia só.

Dica:  Na Chapada sempre que você ver nomes aparentemente inofensivos como “Cachoeira do Mosquito”, “Cachoeira da Fumacinha”, desconfie. São justamente essas trilhas que costumam ser mais difíceis. Os nomes são pura ironia dos baianos, mas você só percebe quando tá lá.

Acordei cedinho, tomei o café preparado pela Tamara. Como Luciano havia sofrido um acidente de moto, quem dos acompanhou foi o Du (“Meu nome é Wesley, mas pode me chamar de Du. Prazer”). Excelente guia e super paciente.

São 9 km de caminhada até a Cachoeira da Fumacinha e a trilha é MUITO difícil. A primeira hora costuma ser bem tranquila, mas ao chegar no leito do rio a trilha é feita basicamente caminhando sobre pedras, que estavam bem escorregadias por conta da chuva.Em algumas partes é preciso “escalar”, então para quem tem bastante medo de altura é melhor nem ir.

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Cachoeira da Fumacinha

Quando acertar com guia, não aceite em ir em um grupo com mais de quatro pessoas pois sempre dá problema. Cada um tem um ritmo diferente e fica difícil administrar com muita gente.

O que levar: mochila, roupa de banho, um bom tênis de trilha, repelente, lanterna, toalha, lanche, chapéu e roupa adequada para trekking.

Dia 03

O segundo dia foi dedicado a Cachoeira do Buracão, uma queda d’água de 85 metros. A trilha é de uma hora e bem leve, pode ser feita inclusive por crianças. O problema foi que, por conta do dia anterior, cada pedacinho do meu corpo doía e eu mal conseguia levantar o pé.

O acesso é feita pelo Parque Nacional do Espelhado, que cobra uma entrada de R$ 3, e só é permitida com um guia credenciado. Os primeiros 45 minutos são um caminhada leve, pelas margens do rio e depois uma descidinha de 15 minutos até o Buracão.

Antes da descida já é possível ver o Buracão por cima e a vista é fantástica! Como fomos em época de chuva, ela estava bem cheia!

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Buracão vista de cima

Ao descer, você se depara com a Cachoeira Encantada, que já faria valer a caminhada. As suas águas desaparece entre as rochas e não forma nenhum rio.

Mesmo vendo a cachoeira por cima, você não está preparado para o quão bonita ela é por baixo. Você chega até ela nadando por meio de um cânion, que tem algumas das formações rochosas mais bonitas que já vi.

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Você chega na cachoeira nadando pelo cânion

Dia 04

Tomei café e me despedi do Luciano e Tamara. Antes disso dei uma passada para conhecer o motorhome que eles estavam construindo em um terreno perto dali. ( Se alguém for lá, me mandem fotos caso já tenha ficado pronto)

A ideia inicial era pegar a estrada cedo e ir direto para o Vale do Capão, que fica umas 3h30 dirigindo de Ibicoara. Mas achei que seria um ótima ideia desviar um pouco o caminho e passar por Mucugê, Igatu e Andaraí.

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Cemitério Bizantino em Mucugê

Passei mais um dia na estrada, o que foi ótimo. É importante lembrar de deixar o tanque do carro sempre cheio. Muitas vezes você vai dirigir por um bom tempo no meio do nada e tudo que você não precisa é ficar sem gasolina em uma área que não tem nem sinal de posto por perto.

Cheguei no Capão à noite, mas valeu muito a pena.

Dia 05

Esse foi o primeiro dia oficial no Capão. Em Ibicoara, alguns guias chamavam as pessoas do Capão de “Novos Baianos” e eu não entendi até chegar lá.

Embora cansada, eu ainda estava super acelerada por conta do dos últimos dias e o Capão segue um ritmo próprio. Ali tudo é feito com calma, lugar é super místico e tem uma energia muito forte… você desacelera sem sentir.  

Caminhei um pouco pelo centrinho, que é cheio de lojas com artigos místicos. Ali também ficam alguns bares, vários restaurantes e mercadinhos.

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Cachoeira do Riachinho, em Lençóis

Segui de carro para a Cachoeira do Riachinho, que acabei indo quase todos os dias, nem que fosse para dar uma passadinha.

Dia 06

Foi o dia de conhecer o Lago da Pratinha, que fica em uma fazenda com o mesmo nome. A propriedade é particular e é preciso pagar uma taxa de manutenção de R$ 15.

Como a maioria dos rios da Chapada têm cor de âmbar, a  Pratinha e Gruta Azul destoam dos outros lugares da região. Os tons de azul ali são por conta dos minerais presentes na água.

 

Na Pratinha é possível fazer flutuação dentro da gruta ( R$ 20). É preciso alugar colete, pé de pato, snorkel e lanterna e o trajeto é todo acompanhado por um guia. Com a lanterna é possível avistar alguns peixinhos, fendas enormes e eu posso jurar que vi uma tartarugazinha passando.

A Gruta Azul fica na mesma propriedade e o melhor horário para visitar é entre 11h e 13h. Não é possível nadar ali, mas nessas horinhas do dia entra um feixe de luz azul por uma fenda da gruda e isso uda toda a perspectiva do lugar. Muito massa!

A Fazenda possui um restaurante. Achei a comida bem ruinzinha e o atendimento muito lento. Levaria uns lanches da próxima vez.

Dia 07

A principal cidade da região, Lençóis, ficou para a reta final da viagem. Ela é bem bonitinha e falei mais sobre ela neste post.

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Ruelas de Lénçois

Para quem quer trilhas mais pesadas é possível fazer a trilha da Cachoeira da Fumaça e a do Mosquito. Como eu já tinha tido minha cota de fortes emoções em Ibicoara, acabei optando pelo Ribeirão do Meio, que fica em uma trilha muito fácil dentro da cidade mesmo.

No caminho de volta, parei no Rio Mucugezinho. A entrada fica na própria BR e o acesso é feita por uma trilha simples.

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Mucugezinho

Andando mais um pouquinho, você chega ao Poço do Diabo. Apesar do nome, é super tranquilo e lá é possível fazer rapel e tirolesa.

Dia 08

Como era o primeiro dia do ano, bateu uma preguiça infinita.

Aproveitei para ir nas outras cachoeiras do Vale do Capão, mas não fiquei muito impressionada.  

Dia 09

No final da tarde fui finalmente conhecer o  Morro do Pai Inácio, principal cartão-postal da Chapada Diamantina, que fica 23 km de Lençóis.Se você estiverde carro, pode dirigir até a entrada, mas muitas agências oferecem o passeio.

É possível visitar o Pai Inácio entre às 8h e 17h e é cobrada uma taxa de R$5 por visitante. O melhor horário para visitar é no final da tarde, já que ele tem uma vista privilegiada para o pôr do sol. A subida leva cerca de 15 minutos e é bem tranquila. A vista é realmente sensacional.

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Morro do Pai Inácio

Curiosidade: Reza a lenda ( sempre quis usar essa expressão), que um escravo da região chamado Inácio era amante da esposa do seu dono. Ao descobrir o caso,  ele mandou matar  o escravo. Inácio então fugiu, mas foi encurralado bem no morro, de onde caiu. O Capitão do Mato e seus capangas foram embora porque já tinha dado 18h achando que tinham cumprido sua missão. Na verdade, Inácio conhecia muito bem a região e apenas tinha pulado entre as fendas. Muitos escravos relataram que viram Inácio indo embora.

Pelos Quatro Cantos tb é cultura. hahahah

Dia 10

Como era meu último dia no Capão, resolvi me “despedir” da cidade e aproveitar parte do dia tirando algumas fotos, organizando o chalé e da Cachoeira do Riachinho.

Voltei para Salvador pegando a BR no sentido de Lençóis logo depois do almoço.

11 comentários em “Chapada Diamantina de carro – Roteiro de 10 dias

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  1. Que lugar gostoso, hein? Ouvi falar pela primeira vez da Chapada no começo dos anos 90 (#véio) ainda criança, na abertura da novele Pedra Sobre Pedra. Desde então sempre dá vontade de conhecer.

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  2. Adorei esse post! Bem completo e com fotos lindas. A chapada Diamantina realmente é incrível, né? E adorei o “reza a lenda”… hahaha Cultura sempre!

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  3. Ainda não conheço a Chapada Diamantina, meu filho foi numa excursão com o colégio e voltou encantado, estamos plenajando uma viagem em família. Adorei seu roteiro.

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  4. Ah, que delícia de relato! A Chapada Diamantina e o Morro do Pai Inácio eram os passeios preferidos dos meus pais quando morávamos na Bahia! Uma delícia ver essas fotos… O lugar é incrível e tem uma aura mágica, né?

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