Segundo uma pesquisa de 2015, divulgada pelo jornal britânico Daily Mail, a Índia é o destino de férias mais perigoso para mulheres. O país encabeça a lista por conta dos casos frequentes de estupro, que ganharam destaque mundial na mídia durante os últimos anos. Vale lembrar que o Brasil está em segundo lugar no ranking.
É impossível visitar a Índia sozinha? Não. Mas também não dá para ignorar que é a cultura patriarcal é dominante no país e que a ideia de igualdade entre mulheres e homens é algo bem distante para eles. E esse status de inferioridade atribuído à mulher vale também para as turistas. Coisas aparentemente banais para nós como usar um vestido mais curto, sair sozinha à noite ou tomar uma cerveja desacompanhada, podem ser vistas como um convite ou mesmo uma afronta para eles.
Claro que é possível encontrar casos de violência contra mulher em qualquer lugar do mundo, mas a Índia realmente inspira um cuidado redobrado. Mas não desencorajo ninguém a fazer, pelo contrário. Esse é o tipo de viagem que muda sua percepção do mundo e te enriquece. Por isso, preparei uma lista com dicas especialmente para mulheres aproveitarem ainda mais a viagem.
Evite roupas curtas ou que marquem o corpo

Uma das coisas que mais analisei antes de viajar foram as peças que ia levar para viagem. Evite decotes, shorts, vestidos curtos, roupas justas ou transparentes ( mesmo que seja só um pouquinho). Ao vestir legging, use blusas longas, que cubram o quadril.
Como fui em um período super quente e não queria usar jeans, dei preferência por saias e vestidos longos. Lá também não faltam aquelas calças mais largas e baratinhas. Carregue sempre uma scarf, que você pode utilizar para cobrir os ombros ou a cabeça ao entrar em algum templo.
Atenção com transportes

Antes de embarcar para Índia, verifique com os hotéis se eles disponibilizam transfer do aeroporto ou estação. Além de ser um pouco mais em conta, é bem mais seguro. Caso não seja possível, pegue um táxi credenciado do aeroporto. Eu não pegaria transporte público assim que chegasse na Índia, antes de “sentir” o país. Durante a viagem, evite entrar em táxis e tuk-tuks sozinha, sempre solicite no hotel.
Os metrôs possuem vagão exclusivo para mulheres e, apesar de cheios, são bem tranquilos. Para trens, eu evitaria viagens noturnas e daria preferência para primeira classe.
Quando fiz o triângulo dourado ( Delhi, Agra e Jaipur), me permiti um pequeno luxo de contratar um motorista de uma agência que ficava no hotel. Passei um dia rodando com ele em Delhi para ver se me sentia confortável e realmente optaria pelo serviço. Acabei ficando com o motorista por cinco dias, o que custou 18 mil rúpias ( Cerca de 280 dólares). Como consegui alguém para dividir o carro, o motorista cerca de 28 dólares por dia para cada um. Além de segurança, isso deu muito mais liberdade e tranquilidade para ver as coisas que queria, no meu tempo. Foi uma das melhores decisões que tomei por lá.
Escolha hotéis bem localizados
Planejar um mochilão pela Índia exige alguns cuidados. Vai ficar em hostel? Dê preferência para quartos individuais ou femininos. Não consideraria ficar em quartos mistos uma opção por lá.
Durante a viagem, fiquei apenas em hotéis e a localização foi fator determinante na hora de fazer o booking. Sempre escolhia locais pertinho dos pontos que mais queria ver: Em Agra deu para ir caminhando para o Taj e em Varanasi fiquei a poucos passos do Ganges. Me senti bem segura em Agra, justamente por ter ficado em uma área com um grande fluxo de turistas.
Evite sair à noite
Acho essa dica bem triste, mas se sair sozinha pela Índia durante o dia exige atenção, à noite é bem pior. Nem precisa ser tarde, mas depois de escurecer você praticamente não vê mulheres pelas ruas, apenas homens. Você acaba chamando muita atenção, o que dá uma sensação bem desconfortável.
Para sair para jantar, eu sempre ia com o motorista ou um táxi saindo do hotel. E como acordava super cedo e passava horas caminhando, à noite eu estava exausta.
Modere na simpatia
Nós temos uma natureza bem comunicativa e nada mais natural do que querer conversar com locais para entender uma cultura tão diferente da nossa. Viajando sozinha você vai ser abordada em diversas situações: na rua, na estação, em alguma fila…. Não dê muito papo e não precisa ser simpática se as pessoas forem muito insistentes. Se perceber que o cara não desiste e começou a te seguir, entre em uma loja para despistar. Se não deu certo, não tenha pudores em ser grossa e mandar um “fuck off”.
As pessoas também vão te abordar para pedir para tirar foto com você. Eu não vejo problemas nisso, já que passava parte do dia fotografando as pessoas pela rua. Quando eram casais ou famílias eu tirava. Mas homens sozinhos ou em grupo, eu negava justamente para não dar abertura.
Mas se você não se sente à vontade para tirar fotos com estranhos ou está bem cansada, não tem problema em dizer não. Até porque geralmente isso dá abertura para outras pessoas pedirem.
Você vai encontrar pessoas bacanas na sua viagem, mas é importante estar sempre atento.
Prefira lugares turísticos

Uma das coisas que mais curto fazer quando viajo é fugir do óbvio e conhecer lugares que não estejam nos guias de viagem. Como minha trip foi bem intensa por conta da falta de tempo, me concentrei nas cidades mais turísticas: Delhi, Agra, Jaipur e Varanasi.
Quando passava por cidades menores para ver algum templo ou forte, sentia que o assédio era bem maior justamente por não ter um fluxo tão grande de turistas.
Multidões? Não obrigada
Não tem bloco de carnaval carioca que te prepare para festivais na Índia. Durante a minha viagem, peguei o último dia do Holi Festival em Delhi e uma festa em homenagem à Shiva em Varanasi.
Se mulheres andando desacompanhadas à noite já causam estranheza, imagine em uma festa com uma milhares de homens e bebida liberada? Eu não me sentiria segura nem acompanhada. Muitos turistas vão bem cedo, quando ainda não tem tanta gente.
Acabei pegando o Holi no Nepal, que embora tenha um público majoritariamente masculino, é bem tranquilo e foi muito divertido.
Tenha sempre um celular carregado e com 3G
Quando passei pela imigração recebi um voucher que me dava direito à um SIM card. Como nem todos os lugares oferecem wifi, é interessante você ter uma telefone com 3G, caso você se perca. Vale também baixar um mapa offline das cidades.